May 25, 2009

Quando toda a minha lista de prós não supera a de contras.

Cenário não-viável ou o que não será uma opção: Ver um amigo enlouquecer e perder tudo por não conseguir deixar de lado seu ego e buscar tratamento já é foda. Mas, pior ainda é quando essa pessoa surta, mente, usa, te trata mal, te fala coisas que não deveria e não só pra você, mas sim pra todos os amigos ou pra quem estiver ali. No dia seguinte, sua crise passou e vai agir normalmente, considerando que tudo o que fez e falou não foi tão grave assim, afinal era seu jeito de pedir ajuda e a reação ao bipolarismo.
Não.
Eu sou definitivamente a pessoa que tem o limite maior. Sou sempre a última a largar a mão de alguém, a deixar pra traz, a dizer não e a negar ajuda, ouvidos, abraços, enfim, tudo que tenho. Mas, quando, usando a desculpa de uma doença absurdamente tratável, um amigo joga tudo pro ar, te deixa no chão, desvaloriza amizade, amor, carinho, compaixão, não te poupa, te faz de otário e no dia seguinte age como se nada tivesse acontecido, sem saber que sua máscara caiu... então eu páro. Com o coração ainda apertado, mas páro. Pode me chamar de besta agora, talvez eu tenha demorado demais. Mas eu sou mesmo toda sentimentos e não me arrependo. Às vezes me arrebento bastante. O problema é que não sou de descartar pessoas e tudo que elas representam de valor.
Eu não me dôo pra muita gente. E nesse ano de 2009 toda santa semana uma dessas poucas pessoas por quem eu daria um pedaço de mim vem e me dá uma péssima notícia. Fora os perrengues familiares, metade dos meus amigos estão passando por momentos péssimos e eu, que sou intensa demais, não consigo separar nem enxergar onde fica a porra da linha que diz que dali pra diante a dor não tem que ser minha. Poxa... eu to cansada de notícias ruins. De limitações. De sofrimentos e loucuras desmedidas. De descontinuidades. EU CANSEI DE LEVIANIDADE. EU NÃO SUPORTO PESSOAS LEVIANAS.
E é exatamente por isso que eu vou ter que falar que bastou. E deixar esse amigo se resolver por si, já que saiu do meu alcance. Alguém aí sabe como é a impressão de perder alguém que está vivo? De assistir aos surtos de uma pessoa querida e não reconhecer mais? De buscar, buscar e não enxergar mais o que tanto te dava orgulho e te tirava um sorriso cada vez que você pensava nessa pessoa? E ao invés disso você sente pena. Dó. Frustração. Que merda é essa?
Isso fora todo o resto. Esse tiro no peito fora os outros que eu tenho levado desde novembro do ano passado. Eu cansei. E apesar disso ainda consigo distribuir sorrisos por aí, seguro a onda, choro sozinha e espero o tempo passar. Pela primeira vez to sentindo uma puta covardia de encarar o que essa segunda-feira vai me trazer. É o dia da negação. O não mais difícil da minha vida. O dia em que vou ter que me negar pro outro. E não é um outro qualquer. E é por isso que eu vou ter que fazer isso. Espero que ainda possa atuar no backstage.
Agora na boa, Universo... já deu. Não precisa nem inverter a maré e só me mandar coisas boas, mas só de vc parar de me mandar coisas ruins já vai estar de bom tamanho. Coisas que não incluam pessoas que eu amo com câncer, casas perdidas ou não, carros roubados, amigo torturado dentro da própria casa, mentiras deslavadas, mães doentes, pais depressivos e pessoas desempregadas. Ok? Estamos realmente bem entendidos agora? Pode voltar a ser legal comigo e com os meus. Uma pausa em meses disso tudo vai bem. Dá até pra esquecer dos meus problemas pessoais, aqueles unicamente meus. Dos meus pontos finais e das minhas dificuldades em recomeçar.
Vou ter que separar tudo o que acontece em listas e categorias pra conseguir visualizar todos os problemas num único mind map. Eu não vou surtar. E nem perder a minha fé denovo. Con fides. Certas horas do dia chego a ficar apática. É só pensar em tudo e é isso: apática e pasma.