November 28, 2007

Kenneth Minogue: eu tive que dar razão a ele

Tenho a convicção de que certas profissões só podem ser exercidas por pessoas mais velhas. Diplomacia, política, grandes negociadores ou os policy makers da vida... Coisas que eu realmente gostaria de ser/fazer lá pros meus, digamos, 48 anos ou mais. Jovens são realmente apressados (eu me incluo nessa), principalmente em relação à querer mudar paradigmas centenários e/ou julgar como sendo ruins conceitos antigos e como extremamente bons os novos. Ora, na minha opinião ainda crua e leiga, sem também querer entrar na história da educação -o que seria bem entediante pra este blog e seus leitores, as tradições andam fazendo falta. As universidades/faculdades estão cheias de pessoas que adoram ditar o que é certo ou errado no mundo atual, mas que realmente descartam muitas importantes tradições.
Conheço muitos estudantes que não tem a menor capacidade de pensamento crítico, conheço estudantes de Direito que só pensam no possível cargo que ocuparão e que serão ótimos aplicadores de leis, mas poucos realmente bons em suas funções. Aplicar leis por leis e ponto? Conheço muitos estudantes de Relações Internacionais que sonham em ser diplomatas. Será que eles sabem, será que alguém disse à eles, que possivelmente serão muitos anos de puxação de saco de pessoas com lindos sobrenomes e muitos anos exercendo funções extremamente menores do que aquelas que sonharam (como cálculos de taxas de exportação de commodities acordadas num acordo bilateral, por exemplo)? Bom, vai da vocação de cada um. Conheço muitos estudantes de comunicação que mal são bons no português. Outros de Relações Internacionais que se dizem apaixonadíssimos pela América Latina, mas que só conhecem a história daqui pós-processos de colonização. E a história que vem antes? A que não segue os ciclos econômicos, por exemplo? Maias, Astecas, cultura indígena... isto soa familiar à você? Aulas de teorias de relações internacionais revirando minha cabeça. Aliás, cursar RI revira a cabeça.
Enfim. Tradições muito vagas no ensino. Jovens são ótimos em cultivar idéias realmente utópicas: comunismo, nazismo, facismo... levam à cabo muito bem tais pensamentos, só para servir de exemplo rapidamente. Jovens deveriam viver o real, aproveitar prazeres reais, conhecimentos reais, pensamentos reais, criatividade real e não trocar tudo isso por uma noção de um mundo absurdamente melhor que existe apenas na nossa imaginação. "É a maldição da doutrina cristã dos últimos 200 anos acreditar que se pode trazer o paraíso para a terra. É a recusa em reconhecer a verdadeira condição humana". O ser humano pode ser bem charmoso e criativo, mas são pouco racionais e muitas vezes, na maioria delas, são muito, muito bobos.
Por enquanto, jovem como sou, gostaria de realmente sentir nas minhas veias todos esses pensamentos que escrevi agora. Eu os assimilo, mas não os deixo penetrar 100% em minha mente. Muitos destes pensamentos são inspirados ou mesmo transcrevem a entrevista daquele que é chamado de inimigo dos jovens. Mas, como o próprio Kenneth Minogue diz, jovens são incríveis: quando vamos ao cinema queremos assistir a paixão dos jovens, eles são realmente encantadores e muito adoráveis, mesmo considerando que eles deveriam ser mantidos longe de assuntos políticos. Por enquanto sou uma internacionalista sentimental e não uma realista por assim dizer, o que seria mais razoável segundo ele. Provavelmente a paixão seja o componente que atrapalha e que determina essa classificação. Mas, como também já disse o Kenneth Minogue, a loucura humana não tem fim. Cabeça no travesseiro, meu quartinho, meus pensamentos. Muitos elogios à loucura. Tava precisando botar pra fora.

2 comments:

Anonymous said...

semana que vem + tchê + são paulo + ...

Gabriela Zago said...

Jovens são uma praga :P
Tenho vários colegas de Direito e Comunicação que são como você diz... só querem saber de passar em um concurso, que de preferência pague muito bem (e não importa o que tenham que fazer, basta o retorno financeiro), ou que não sabem escrever (ou, embora saibam - e o que talvez seja pior - não sabem transmitir idéias de forma clara e inteligível). É a pressa em se formar, a pressa em entrar no mercado de trabalho, a pressa em ter uma profissão. Não curtem o momento, não têm interesse em aprender, ou em desenvolver o raciocínio crítico e tudo o mais.

Não consegui ver a entrevista no meu computador ultramoderno (Windows ME ¬¬). Mas tentarei assistir assim que tiver acesso a outro PC :P