June 24, 2007

Sagá adverte: Tolstói provoca.

Capa dura e caixa especial.
Ed. CosacNaify;
816 páginas;
8 ilustrações;
16 x 23 cm;
1,55 kg;
ISBN 85-7503-473-1
Publicação: nov. 2005

Não que não o ame ou que não me sinta digna de seu amor. Talvez não saiba mais amá-lo fervorosamente de tanto que já tentei me habituar aos seus olhos, toque, pele, gostos e cheiros que estarão ausentes logo mais. Não que goste de jogos de azar, mas este amor tem se mostrado como um jogo para perdedores, daqueles que você aposta suas fichinhas mas vai perdendo-as aos pouquinhos. Mas mesmo assim, um dia de cada vez e muitos beijos com sorrisos logo em seguida. (cara, eu adoro quando eu abro os olhos e encontro seu sorriso)
Já sou uma pessoa melhor depois dele, o amor mais escandalosamente sincero que já tive. Dentre tantos problemas posso dizer que ele é a parte boa da história. Mas provavelmente devo ser uma daquelas pessoas de coração bondoso e alma iluminada que encontram sérias dificuldades em fazer bondades. Às vezes interpreto seus olhares vacilantes como frios e indiferentes. Outras vezes levo palavras ao pé da letra, como aluno iniciante, amador, que só enxerga no sentido literal. Mas outras, quando de relance, quando paro de me fazer perguntas absurdas e de respostas que só obtemos no momento anterior ao da morte, é que passo de relance meus olhos esperançosos e atrapalhados por sobre os pensamentos dele e vejo, enxergo, tudo aquilo que preciso para manter minha alma aquecida.
Depois disso, percebo que preciso parar de cobranças banais e leves ciúmes infundados que só o chateiam e o afastam da pessoa pela qual ele cegamente se apaixonou, um dia deu à ela o livro que tornou-se o de vida dela, escrevendo na contracapa palavras que a descreviam como “incrivelmente maravilhosa”, com sua própria letra, no seu Anna Kariênina edição especial.

Primeiro bom motivo para você ler Anna Kariênina
(recomendo que leiam algo do link dali de cima para não viajar no trecho que eu transcrevi, se caso ainda não sabem de nada sobre o livro)

“Vrónski seguiu o condutor até o vagão e, na entrada do compartimento, parou a fim de dar passagem a uma senhora que desembarcava. Graças ao tino habitual em um homem mundano, com um único olhar para o aspecto dessa senhora, Vrónski classificou-a como pertencente à mais alta sociedade. Desculpou-se e estava prestes a entrar no vagão, mas sentiu necessidade de observa-la outra vez – não por ser muito bonita, nem por ter uma graça elegante e discreta, que se percebia em toda sua pessoa, mas porque, na expressão do rosto gracioso, ao passar por ele, havia algo especialmente meigo e delicado. Quando olhou para trás, ela também virou a cabeça. Os olhos brilhantes e cinzentos, que pareciam escuros devido aos cílios espessos, pousaram com atenção e simpatia no rosto de Vrónski, como se ela o tivesse reconhecido, mas, logo depois, voltou-se para a multidão que se aproximava, como que à procura de alguém. Nesse breve olhar, Vrónski teve tempo de perceber uma vivacidade contida, que ardia em seu rosto e esvoaçava entre os olhos brilhantes e o sorriso quase imperceptível, que arqueava os lábios rosados. Parecia que o excesso de alguma coisa inundava seu ser e, a despeito da vontade dela, se expressava, ora no brilho do olhar, ora no sorriso. Intencionalmente, a mulher apagou a luz dos olhos, mas essa mesma luz cintilou, à sua revelia, no sorriso quase imperceptível.”
Admiração:
do Lat. admiratione, s. f.,
ação de admirar;
espanto;
surpresa;
assombro;
pasmo.
É ele por ela.

4 comments:

Raimundo Neto said...

Gráááááá!
Eita, agora tu me lembrou que ainda tenho que ler Tolstói! Tenho uma listinha. Só tenho receio das traduções... mas 816 páginas de um russo que manda bem vale muito a pena de qualquer jeito...

Ó, cê falando aquelas coisas no blog e eu fico felizinho, felizinho... e sentindo saudades quando deixa de passar por lá...
Originalidade... acho que era issoq eu queria... e fiz sem perceber... !

Beijo!

Aly said...

Bom, foi se o tempo em que eu lia algo por puro prazer né...Sabia que eu não terminei de ler lolita em Teerã? É tão lindo, tão intenso que eu não queria atropelado, rápido e desatentamente...Mas quando eu lembro que eu tenho ele em casa me dá um conforto! Nas férias Eu vou ler desde o começo novamente, pra sentir tudo de novo.
Ah, sabado tem a peça da Frida viu? Não esquece.

bjos

Anonymous said...

Esse seu amor é uma coisa tão intensa.
Adoro quando você escreve a respeito.

Um beijo!

Claris said...

Aly, pode deixar q ñ vou esquecer. Me mande um e-mail com as informações (hora e lugar)... saudades master! de verdade verdadeira.

Lubi, sim. E essa intensidade enche meus pulmões! E ontem fizemos 10 meses de namoro...rs