March 29, 2008

Noção de realização pessoal e serenidade

Sempre penso em muitos caminhos possíveis ao mesmo tempo. Caminhos para a felicidade. Mas é muito cômodo transformar apenas a aflição histérica em infelicidade. Dalai Lama acredita, pela sua formação budista, que existe sim, em meio a complexidade de cada ser humano, a obstinada possobilidade de ser feliz genuinamente.
Não sei se a minha desorganização em tudo faz parte da minha aflição histérica, pautada em preocupações futuras. O fato é que preciso me habituar a fazer UMA escolha ao invés de ficar pensando em tudo que perderia (é não pensar nos ganhos) ao excluir os outros caminhos. Como agora, estou sentada num parapeito de cimento no Centro Cultural São Paulo pensando se seria melhor assistir um sarau astronômico ou rever de graça "Último Tango em Paris", pois óbvio que quando assisti em casa estava pensando em umas trinta coisas ao mesmo tempo e eventualmente mudava de canal, perdendo sutilezas importantes. Também tem um show de MPB. Será?
Aliás, estou aqui no Centro Cultural pois na minha aflição histérica não fui à faculdade. Peguei o livro "A Arte da Felicidade", do Dalai, e despenquei pra cá em busca de uma atmosfera mais calma e abrangente do que a da minha casa. Isso mesmo estando em casa apenas eu e a senhora minha mãe. Mas o barulho de dois cachorros meus e mais os dos vizinhos com buzinas com ambulâncias e com nostalgia me causou a aflição histérica.
Indo ao banheiro aqui, escuto a banda no terraço, lá em cima no jardim, tocando um chorinho incrível e logo aboli o show de MPB. Hoje não quero uma voz afinada no ouvido, hoje preciso me reapaixonar por São Paulo. Ver suas estrelas e ouvir um bom sambinha, poesia, divagando e encontrando o caminho do reencanto.
Depois que voltei de Buenos Aires admito que perdi um pouco do meu tesão por São Paulo. Mas enquanto eles tem piquetes constantes na Plaza de Mayo, nós temos bebedouro com água de graça e programação cultural apaixonante logo ali. Nosso céu não é tão absurdamente azul celeste no verão, e aqui a minha lente de contato me obriga a andar com soro fisiológico na bolsa pra me livrar da poluição. Mas a nossa melodia é impagável. Não há aflição, mesmo a mais histérica delas, que não seja desbancada por propósitos simples.
E amanhã, sábado, tem show do Lenine na concha acústica da FITO, em Osasco, às 17h. :D
(escrevi ontem. tinha que manter a veracidade)

1 comment:

Lubi said...

E como foi o show?

Beeeijos.

P.S.: Adorei a foto nova, Clá!