June 10, 2009

"Troca de chip"

Cantar, é mover o dom
do fundo de uma paixão
Seduzir, as pedras, catedrais, coração
Amar, é perder o tom
nas comas da ilusão
Revelar, todo o sentido
Vou andar, vou voar, pra ver o mundo
Nem que eu bebesse o mar
Encheria o que eu tenho de fundo
(Djavan - Seduzir)

Sabe que eu fui na psicótica, né. Tá, psicóloga. Fui ontem. Gostei dela, sabe... Principalmente pq ela me joga questões no colo como nenhuma outra fez antes. (ui!) E ela me passou lição de casa. E ela é kardecista também. E ela faz um realinhamento de chacras que, menina! Nem te conto...
Algum tempo de conversa depois, a bonitinha me lança que eu preciso retomar do ponto onde comecei a abandonar as minhas paixões de alma. Afinal, somos o que sentimos e não o que racionalizamos. Por mais que você possa achar o contrário, você e todo o mundo, não é a razão que mostra quem eu sou. Ou você, enfim. Mas sim a maneira como você acha em resposta a sentimentos. Alguma novidade nisso? É meio complexo, especialmente quando isso vai contra absurdamente tudo o que geralmente nos dizem em todos os lugares e em todas as esferas da vida.
Use a cabeça! Use a cabeça! Racionalize! Seja racional! Tenha a cabeça no lugar! Siga os fatos! Julgue de acordo com os ditados! Ouça! Pô! Sempre fui a mega sentimental. E quando me ensinaram que eu deveria ser de outra forma a farofa começou. Claro! Nada tem receita de bolo. É fácil dizer como o outro deve agir, né. Sei lá, to começando a fazer confusão denovo.rs Mas no fundo a farofa começou a dez anos atrás, quando eu comecei a aprender o que era ser humano de verdade. Depois disso, só avalanche.
O ponto é: parei. Parei de me desdobrar em 5 Clarissas diferentes a fim de realizar feitos impossíveis. Pesa muito, sabe? Dói os ombros. Fere. Massacra a auto-estima. Quero agora retomar calmamente algumas coisas e ser mais constante e não esse brainstorm ambulante que tenho sido há tempos. Retomar meus gostos, minhas aspirações e pequenas vontades. Relembrar coisas simples que eu já esqueci faz teeempo...

Daí é que eu digo: esse post pode ser um pouco mais longo do que inicialmente eu previ.

~~~~~~~*~~~~~~~
Eu sou aquela Clarissa que adora cantar, mas que abandonou o coral por razões das quais nem se lembra. A menina que é intensa e que ainda é cheia de apegos. Que ama Regret, do New Order e que já foi muito mais fã de Moby do que hoje em dia. Que ri com muuuita vontade sempre, sem se envergonhar quando olham torto. Que abraça quando sente que é. Uma que sempre gostou do termo 'engajada' e que gosta quando dizem que sua cabeça é cultural. Costuma dizer por aí que não existe gente que não gosta de cultura e arte, só existe gente que não achou a cultura e arte certa pra si - afinal, tem pra todos. Que ainda não sabe direito o que quer fazer, mas que acredita que ainda vai encontrar (e tomara que logo) o que realmente deseja. É que ela ainda não se perguntou, ela só andava tentando descobrir através do que é cool e recomendável por especialistas.
Essa doida, que sou eu, tem dificuldade em fazer escolhas. Diz a psicóloga que quem tem baixa auto-estima costuma ser assim. E deve ser mesmo. Mas ela tem convicção de que suas listas podem ajudar nessa. Uma a uma ela sabe, ao menos de início, onde cortar suas amarras. Ela sabe o que tem em casa que precisa ir embora. Ela sabe as palavras que deveria sempre usar. Algo como 'não, não posso'. E é por isso que sua música volta a tocar e a voz começa a sair da sua garganta. Ela cresceu num modelo com o qual não se identifica e hora dessas vai entender porque eles são assim. Ou talvez não seja tão rápido assim. Mas, sua maior certeza é a de que não dá mais pra se preocupar dia e noite com todos, sem conseguir mudar nada em ninguém e nessa desperdiçar energias que deveriam estar muito bem focadas.
Seus planos parecem mais claros agora. Ela sabe que gostaria muito de entender melhor umas coisas, sobre alguns assunto que acha demais. Mas sabe que não é do tipo, nunca foi, nem nunca será, que coloca impedimentos e compensações tolas pra ser e fazer o que gostaria. Isso apesar de saber que tem chão ainda. O ponto é: a menina não quer mais essa bagunça. Ela vai se recolher pra arrumar o quarto dela. Vai redeterminar o que é essencial e aprender a lidar com raiva e mágoas. Controle de raiva? Pois é. Sua hostilidade é bem direcionada às vezes.
Porém, contudo, todavia, ela vai voltar a cantar! E vai ser logo! Também vai organizar suas fotos e catalogar os CDs e DVDs, finalmente. Os livros vai desempoeirar e os textos arquivar. A Clarissa vai, em breve, voltar a escrever. E finalmente vai baixar suas músicas prediletas. Vai também na sua amiga buscar aquelas fotos liiindas de San Telmo que até hoje não pegou. E se organizar financeiramente pra sua próxima trip. Fora isso, vai listar lugares onde gostaria de trabalhar e convencer um deles de que she's the girl for the job. No fundo, vai fazer tudo o que gosta, mas que não fazia, pois... não fazia, oras. Sabe lá qual o motivo dela não fazer. Ler revistas e anotar referências. Mandar cartas. Ouvir seus Cds e cantar. E ela vai pra Cuba também. Só não sabe quando. Agora vou zerar o chip.

3 comments:

Lubi said...

Claris, meu, feliz por você estar se reencontrando. de verdade.

quero te reencontrar também, logo.

um beijo!

Raimundo Neto said...

Clarissaaaaaaaaaa!
OLha, gostei! Acho que todo mundo, um dia, devia procurar fazer terapia. Tão bom e importante!
Beijo!

Lubi said...

e também comecei terapia.
hahaha.