June 19, 2009

Acho que já estava na hora



Vida louca vida

Vida breve

já que eu não posso te levar

quero que você me leve


Travo uma discussão comigo mesma há alguns (e não são poucos) meses. Um movimento cíclico toma conta de mim e dos meus amigos, um movimento angústiante e cinza. Estamos cansados de uma coisa que não sabemos o que é. Estamos nos abstendo da nossa vida, do nosso amor, da nossa juventude. E rezamos todos para que seja uma fase. Mas essa ansiedade mata, fere, corroí.

A vida não anda acalorada e colorida, não sinto mais o sabor das coisas simples. Me tornei uma máquina, processo as coisas que tenho que fazer de uma forma fechada e reducionista. Prefiro dormir a qualquer coisa. Minha casa não é mais meu refúgio, é meu esconderijo. Me escondo atrás de desculpas esfarrapadas, de livros que eu não vou ler, de um copo de café quente e forte, de filmes que eu já vi. Não tá certo, alguma coisa não tá no lugar.

Não me permito pensar em algumas coisas doloridas, é aquela questão monstruosa do medo. Deus, quando eu me tornei tão medrosa desse jeito? Eu custumava jogar tudo pro alto, correr atrás do prejuizo e me divertir no meio tempo disso tudo. Os turbilhões serviam pra eu absorver algo, e depois que a tempestade passava eu sempre me sentia mais confiante, mais concisa.


Agora nem presto atenção nos turbilhões ou tempestades... Tô absorta, tô tão por fora.

Tô deixando as coisas no zero a zero sabe? Não ganhei? Pena. Ganhei? Sério??? Legal.

Eu teorizo o tédio de uma forma engraçada e providencialista. Falei, mas já falei muito sobre toda essa situação, mas é incrível como eu me movi muito pouco pra mudar o rumo das coisas. Já dizia Marx, os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem...

E todas as palavras, todo o discurso só me deixam mais cansada. Chega de reclamar uma hora né? Nossos vazios, nossas perguntas e toda a angústia ficam pra trás, moídos na poeira do tempo.

E como disse a Clarissa ( que faz parte desse processo) esse post pode ser mais longo do que as minhas expectativas...

Eu sou aquela Aline que é naturalmente uma bagunça, mas que sempre deu um jeito de organizar as idéias, a mente. Aquela que adora passar a noite vendo filmes antigos, que acorda tarde no domingo, fica com remorso e vai no cinema sozinha, sem problema algum. Ainda é aquela que adora tomar um café ou uma cerveja com os amigos quando eles precisam, quando ela precisa. Aquela que adora, ADORA as noites de sexta no Paraty. Que adora cozinhar para todo mundo, adora assistir Sex and The City com a Cintia (tomando vinho e sorvete). Que vê na História o combustivel pra vida, e quando entra numa livraria...segura! Que adora encontrar a Mary, a Clarissa, o Vander, a Cintia, a Vanessa, a Maíra, a Deborah e mais quem quiser chegar no metrô consolação, às 23:00 pra descer pra pista de dança até cansar. Que adora o ritual da tequila no Balcão da Dj Club. Que adora cuidar, ficar junto, abraçar, morder e morrer de amor. Que pira ouvindo queens of the stone age e chora ouvindo Cardigans. Que adora passar horas jogando "uno meu querido' e papiando na casa dos amigos. Que Adora abrir a sua casa. Que Adora sabados ensolarados e tem uma seleção especial para dias chuvosos. Que adora estudar tomando vinho e adora Rum com soda.
Que adora tatuar. Adora escrever. Adora uns porres de vez em quando.

São colocações pontuais de coisas tão simples e imensamente prazeirosas que eu deixei de fazer. São coisas que me ajudaram a constituir o que eu sou. Há um poder na juventude que me fascina e ao mesmo tempo me faz ter medo de não aproveitar o que eu acho que tem que ser aproveitado. Não quero trocar uma vida de responsabilidade por uma vida de rolê eterno, mas quero poder usufruir de uma coisa que não temos usufruído: a diversão, pura e simples. Quero a risada dos meus amigos, quero o movimento, quero a ajuda deles pra atravessar esse vale de espera e incerteza.

4 comments:

Lubi said...

será esse sentimento de toda galerinha com 20 e poucos?
porque eu e todos os meus amigos sentimos assim.
em algum momento, tivemos que trocar a diversão pelas responsabilidades e estamos cansados.
como equilibrar?
espero que essa fase passe logo. para todos nós.

eu te senti muito nesse texto.
você é a pessoa que conheço que mais gosta de cardigans, sempre me lembro de você quando escuto.

beijos.

Lubi said...

e também gostei da imagem.

Deborah said...

Aly... fiquei até com os olhos marejados.
Mas ando mesmo com os olhos de ressaca da Capitu de Machado de Assis.
Esses tempos estou me sentindo mais renovada com a casinha mágica. E a cada final de semana que eu desço minha bateria fica cada vez com mais um barrinha anunciando que esta carregando. Quero muito que vcs possam usufruir desse meu prazer que espero que seja eterno.
Sinto que as coisas vão começar a andar. Estou me policiando pra ter pensamentos positivos o tempo todo. E é isso que devemos fazer, sabe?!

Vamos passar por essa, todos juntos. E quando estivermos bem, se Deus quiser não vamos lembrar desse tempo onde a ansiedade é sentimento constante por algo que não sabemos. E meus ombros ficam cada vez mais duros, mais tensos. Precisando de umas masagens... Mas passa. TUDO NA VIDA PASSA.

E as férias estão chegando. E ai, segura coração!

23h na consolação!

Te amo, meu amor!

Deh

Claris said...

Ah, gente... o que muda não somos nós, nem os outros... é a imagem que temos do outro e da vida. e eles de nós.

todas nós acabamos dizendo... não é bem cansaço, estamos apáticas. não é bem vontade de fazer nada, é inércia. e tem um certo mal-humor nisso tudo. e uma certa insatisfação e frustração. mas no fim das contas, volto ao começo. o que muda é a imagem que se tem. e isso depende de quem?

;)

beijos enormes.