September 29, 2009

É a minha condição II

Sunshine, meu cão.

A cada dia que passa eu me sinto melhor prepara pra mim mesma. O único problema é que ainda estou com uma dificuldade gigantesca de deixar o passado no lugar dele. E esse passado tem nome. Endereço. Sobrenome. E ele disse pra mim que nossa filha pode chamar Valentina se eu quiser. Mas, ao mesmo tempo, é um nível de problema que eu não quero pra mim.
Acredito que as coisas só acontecem quando devem acontecer e tudo tem sua razão de ser. Acredito piamente nisso e poderia chorar copiosamente pensando na possibilidade de que por maior que seja a agonia em alguns momentos, por pior que seja a sensação de qualquer coisa escoando pelos dedos, tudo tem seu propósito e uma lição de aprendizado no final. Paradoxo, hã? Nem tanto. É só a incapacidade de aceitar as coisas como são. Mas não, eu não choro mais copiosamente. Faz tempo. Às vezes até gostaria! Mas não consigo mais.
Cheguei a conclusão de que por todo sentido que já fez, não é pra ser agora. Alguém ainda precisa aprender algo enquanto é tempo. E o tempo é esse: o dessa vida. Vai ver sou eu mesma. Vai ver é ele. Vai ver ele precisa aprender a chegar nesse nível de temperança, possivelmente através do nível de sofrimento que tem passado durante toda sua vida. A solidão que lhe é iminente e presente é plantada por ele mesmo. Ele é muito difícil. E eu já tentei simplificar. Demais. Porém, contudo, todavia, simplesmentee é algo que não é pra ser agora.
Talvez ele seja a prova final pro capítulo desapego&aceitação da minha cartilha. Talvez eu seja o karma da vida dele. Isso me faz rir. Talvez nossa história não venha só dessa vida. Na verdade, na mais pura verdade, essa é a minha única certeza dado nosso grau de cumplicidade. Um se admite muito claramente pro outro e talvez um dia eu entenda a razão. Mas hoje em dia não tá rolando e eu to abandonando esse assunto por hora. Ou ao menos tentando. Novamente. Condiçãozinha salafrária essa, viu.
Que venham mais paixões avassaladoras. Como uma história escrita com estilo. Seja lá qual este for. Só não pode ser insalubre.

É a minha condição I

O que eu aprendi desde o começo do Processo de Seleção do Programa Próximos Líderes da Natura, tenho me deparado com questões controversas e reconhecendo a mim mesma em alguns aspectos que visualizo mudanças as quais esperava há tempos. Minha temperança, escolhas, paciência, foco, capacidade de mediação aumentaram/melhoraram. Definitivamentee percebi um perfil que há tempos eu estava buscando desenvolver: de quem não foge de conflitos, mas que, definitivamente, busca o alcance de acordos. Prefiro o jogo de soma positiva, sendo que já fui muito de comprar brigas, mesmo quando sofria horrores com o resultado emocional disso.
Com certeza meus últimos episódios de vida colaboraram com isso, essa coisa de todos ao meu redor, por muito tempo estarem com sérios problemas, ou fazendo com que assim o fossem e (eu) me jogando no meio da faroda, me estressando, correndo feito louca pra resolver a vida alheia... ai. Não foi uma decisão do dia pra noite, não foi um "ok! não quero mais! saí daqui!", mas foi uma sucessão de escolhas mais leves e amenas. Amenidade. Essa é a palavra chave para o bem-estar. Ou algo bem próximo disso.
Poderia ter surtado se fossem outros tempos. Mas eu e a minha fé na vida escolhemos a temperança ao invés da tempestade acolhida. O bem-estar ao invés do inferno astral. O reconhecimento de conquistas ao invés da reclamação constante. Parece até que tenho uma voz narrando minha caminhada. Uma voz feminina que sabe de mim muito mais ainda do que eu ou qualquer outra pessoa. Tudo enquanto eu lembro das palavras da psicóloga sobre o apego emocional. Ou sobre a gratidão que não se esconde. Enfim, muitos assuntos intrísecos.
O problema são os outros. Isso tem cabido bem nos últimos tempos. Sem perceber aprendi a não sofrer a dor do outro como se fosse minha, a não tomar o desespero alheio como meu. Se continuar assim, daqui a pouco tempo vou ter a coragem pra muito mais, como por exemplo estudar gastronomia sem ficar pensando no tempo gasto que eu poderia estar estudando qualquer outra coisa. Sei lá. Isso merece um outro post.

September 20, 2009

[that's an order II] esteja lá/dê aquele sorriso que só eu entendo/me conte tudo/esteja perto/me mande mensagens/códigos/chaves/me beije com ardor quando eu chegar/diga que não pode mais viver sem mim/ veja o filme comigo/diga que eu alegrei seus dias cinzas/ use preto/ me compre um livro/me oriente/ me apresente/ me desequilibre/ me dê um apelidinho idiota/ sussure/ tome um drink comigo/ me dê uma carona/ entre no meu sonho/ durma comigo, abraçado/ligue pras minhas manhas/seja cavalheiro/viaje comigo/seja surpreendivel/me diga palavras novas/não duvide de mim/não tanto/me peça pra cozinhar/compre um vinho branco/ apareça de repente/ se mantenha/ entenda meus limites/me toque/ tenha algo no olhar/tire uma foto/me dê um doce/me acalente/diga o que precisa dizer/almoce comigo/afague meus cabelos/me conte piadas/me abrace na rua/não chore a toa/ me corte/ discuta comigo/tome chuva/ seja cético/escute a minha música/ofereça pra mim/dance comigo/dance pra mim/acredite/me leve pra ver o por do sol/ seja inedito/seja clássico/pegue a minha mão/[that's an order II]

September 10, 2009

Desapego&Aceitação

Dois amigos terminaram um relacionamento. Na verdade é um amigo e seu companheiro, que por convivência virou aquele tipo de amigo do qual podemos abrir mão facilmente. Um não-quase-amigo. E esse me ligou pra chorar ao telefone sobre o término, falando sobre as dores do fim. Enquanto ele falava eu apenas pensava comigo: isso passa. E passa mesmo. Já tive muitos fins, alguns bem mais complicados por culpa minha mesmo, pela incrível capacidade que tenho de prolongar e aumentar sofrimentos. Mas um dia passou.
Depois desses fins todos, finalmente aprendi a sofrer só o necessário, só naquele momento. Por que piior que sofrer é sofrer demais. Depois que passa, depois de tempos, vem os momentos de reciclagem emocional. Algumas fáceis e simples, outras nem tanto. Às vezes na reciclagem aproveito pra soltar os cachorros, mas geralmente é especialmente pra lançar mágoas e nunca mais pega-las de volta. Daí vem o mais natural pra mim e o que poucos conseguem compreender em mim depois: depois que as mágoas passaram eu não gero mais ressentimentos e consigo reatar relacionamentos, não amorosos, interpessoais mesmo. Passo a borracha, até por que sempre acredito na renovação das pessoas, não na mudança. Essa coisa de mudar é muito difícil, ela não existe assim. Mas a mudança de perspectivas é o que altera todo o fluxo das coisas.
Eles tiveram um relacionamento complexo e duradouro pros padrões que conhecem. Os dois sempre muito unidos, mas agora não fazia mais sentido, especialmente depois dos abusos cometidos. Mas quando passar, coisas boas ficam. Pensando nisso, ontem consegui jogar fora cartas que não faziam mais sentido pra mim. Que não deveriam mais me lembrar de nada, nem resgatar minha memória seletiva. Leveza e paciência. Sempre precisei ter. E dá-lhe fé na vida e no andamento das coisas...

Não-hegemônico / ella baila sola ... umpardedois

- Jamais vou te atrasar.
- Eu sei.
- Você precisa deixar de ser...
- Medrosa...
- Mais ou menos. Acho que não era o que eu queria falar – pausa. Pra onde você for eu vou contigo. Até se for outro país.
- Bom mesmo.
- Vamos rever essa conversa quando estivermos sóbrios?
- Acho melhor...
- Se alguém algum dia encostar um só dedo em você...
- Eu sei.


Etapas. Quantas etapas de vida são necessárias para que uma situação se encaixe? Quantas tentativas uma pessoa pode ter pra tentar explicar o que só se pode sentir? Como se pode ter certeza? Ter o que? Certeza?! Não... Isso nem com muita estratégia. Diga lá apenas sentindo. O negócio é o seguinte: alguém aí alguma vez parou e percebeu que depois de quase 6 etapas algo simplesmente fez sentido?
Sem promessas. Sem lamúrias. Sem verdades absolutas ou divagações sobre o futuro ou passado. Mudanças de perspectivas de ambos os lados teve sim. Água debaixo da ponte teve muita. Intimidade e complacência, mais ainda. Depois de muitos anos. Não é nem intimidade, a palavra certa seria... cumplicidade. É o barato do sentido de novo. Ninguém tentou se convencer de nada, ninguém tentou convencer o outro de nada. Ninguém usou máscaras. Seria ridículo, afinal um conhece ao outro tão na essência que chegou a ser patética fazermos perguntas das quais já sabíamos as respostas. E ao mesmo tempo sabíamos exatamente o que o outro buscava ouvir. E falávamos, com toda a naturalidade que só o que é genuíno poderia ter.
Agora me diz, como? Como? Descobri que tem um lugar no qual cada etapa que se passa mais eu me sinto a vontade. Como? São quase 6 anos. Mas depois que você larga as armas, consegue enxergar uma verdade que antes não se via. Ou melhor, que não se contemplava em toda sua essência. O foda é quando você faz uma lista mental de todas as coisas que você gostaria de ouvir de alguém, mas ouve tudo da pessoa menos improvável possível. E o pior: faz sentido e se você contestar estará mentindo, porque no fundo você sabe que esse sentido e conforto e naturalidade e cumplicidade são verossímeis. Daí o que se faz? Compra-se a briga? Começa a preparar terreno? Dá risada? Porque depois desse encontro tão lúcido e simples, a única coisa que não dá pra fazer é ignorar. Na verdade eu não quero ignorar.
O mais foda ainda é quando você observa e percebe (é arrebatada pela constatação de) que o momento mudou para ambos. E daí o susto com a naturalidade de como as coisas soam é demais e difícil de assimilar. Pois nunca foi assim. Não me pergunte o que tanto mudou. Só vejo agora duas pessoas... que nem sei no que hoje diferem do passado. Sempre existiram peças que não se encaixavam naquele fantástico e atormentador quebra-cabeça. Mas hoje ele não é mais um quebra-cabeça... é um romance de não-ficção, muito bem amarrado, como um Anna Kariênina. Não sei explicar o que só posso sentir agora. Só peço que confiem em mim. Pois não sei por que, mas vale uma chance e eu quero essa chance. Não pergunte por que e não me julgue, apenas tenha confiança, assim como eu confiei no tempo e nos atos que eu nem sabia que ele havia tido. Foram anos dele me observando de longe.


- Você sabe que não é mais uma disputa de egos, você percebeu?
- E você sabe que eu nunca duvidei de que...
- Eu sei.
- Ta... É que essa coisa de trajetória...
- Você realmentee comprou uma jaguatirica?
- Nós não estamos sóbrios...
- Mas isso é um sim?