Dois amigos terminaram um relacionamento. Na verdade é um amigo e seu companheiro, que por convivência virou aquele tipo de amigo do qual podemos abrir mão facilmente. Um não-quase-amigo. E esse me ligou pra chorar ao telefone sobre o término, falando sobre as dores do fim. Enquanto ele falava eu apenas pensava comigo: isso passa. E passa mesmo. Já tive muitos fins, alguns bem mais complicados por culpa minha mesmo, pela incrível capacidade que tenho de prolongar e aumentar sofrimentos. Mas um dia passou.
Depois desses fins todos, finalmente aprendi a sofrer só o necessário, só naquele momento. Por que piior que sofrer é sofrer demais. Depois que passa, depois de tempos, vem os momentos de reciclagem emocional. Algumas fáceis e simples, outras nem tanto. Às vezes na reciclagem aproveito pra soltar os cachorros, mas geralmente é especialmente pra lançar mágoas e nunca mais pega-las de volta. Daí vem o mais natural pra mim e o que poucos conseguem compreender em mim depois: depois que as mágoas passaram eu não gero mais ressentimentos e consigo reatar relacionamentos, não amorosos, interpessoais mesmo. Passo a borracha, até por que sempre acredito na renovação das pessoas, não na mudança. Essa coisa de mudar é muito difícil, ela não existe assim. Mas a mudança de perspectivas é o que altera todo o fluxo das coisas.
Eles tiveram um relacionamento complexo e duradouro pros padrões que conhecem. Os dois sempre muito unidos, mas agora não fazia mais sentido, especialmente depois dos abusos cometidos. Mas quando passar, coisas boas ficam. Pensando nisso, ontem consegui jogar fora cartas que não faziam mais sentido pra mim. Que não deveriam mais me lembrar de nada, nem resgatar minha memória seletiva. Leveza e paciência. Sempre precisei ter. E dá-lhe fé na vida e no andamento das coisas...
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