October 01, 2007

Da generosidade com a minha própria vida

Ah, mas não é novidade para aqueles que me conhecem que a fase por aqui é de transição. Mas apesar dos pesares (e como pesaram esses pesares!), depois de tomar lindo na cabeça e ainda tentar ridiculamente – só agora percebo quão ridículo foi –enganar à todos à minha volta, os que me amam incondicionalmente, dizendo que estava tudo bem e que estava conseguindo sair por cima de todas as situações-problema que andava tendo, parei. Parei mesmo de botar cartazes e luminosos na tentativa de convencer os outros de que tudo estava muito bem e, ao mesmo tempo, me cobrando incansavelmente uma atitude firme, bem de homem, sabe? Cara, que grande homão frouxo eu me saí! Daqueles bem bombados, grandões com tatuagem da marinha no peito, que falam muito grosso mas que tropeçam fácil, fácil quando ganham um coração partido, não apenas por causa de um amor –que não era bandido-, mas também pela teimosia. Putz, deveras por causa da teimosia! Que cabeça dura que eu sou.
Daí, entrei na repaginação – ou reabilitação moral, como diria a Aly – e abri o jogo com a minha família, com medo de ouvir o sermão do Padre Vieira em edição rara, revista e ampliada, daquelas obras revisitadas e comentadas, levando inclusive um prefácio cabuloso escrito pelo Papa – o papa já falecido, claro. Todo um luxo, até na hora de se ferrar lindo encarar conseqüências dos meus atos omissos. Fui lá. Chegou num ponto que eu não conseguia mais esconder. As coisas estavam desandando demais por cauda disso. Liguei. Liguei e conversei com a minha super experiente vovó Ada que, para deixar minha cara no chão e me fazer escorrer pelo ralo imaginário, me compreendeu por inteira. Isso depois da madrinha já ter me ligado dizendo tudo que eu precisava ouvir e sem eu ter aberto a minha boca pra informá-la. Não, ninguém foi lá contar pra ela e ela também não tem espírito santo de orelha – ela é apenas a minha mãedrinha. E eu que achava que essa seria a parte mais simples, a de olhar com a cara limpa pra família, que ilusão retardada e vesga essa. Que container tirado das minhas costas.
Certo que ainda ando tendo certas dificuldades em transpor algumas barreiras, mas juro que estou trilhando o caminho iluminado, mesmo que às vezes seja forçosamente. Sabe como é, velhos vícios são tão intrínsecos. Tenho certeza absoluta que só estou conseguindo aos poucos me reabilitar moralmente por causa da imagem idealizada que reconstruí de mim mesma. Deu até vontade de acordar todo dia às 5 da manhã pra viver bastante. Quando, lá no título, falei em ser generosa com a minha vida não estava brincando e nem brincando de formular porcamente uma frase legal pra por no título. É sério. Menos cobrança+mais abertura=cabeça muito mais leve e imagem mais clara de mim mesma. Mais uma vez estou parando pra pensar no que quero fazer da minha vida e onde quero chegar. Sinceramente? Às favas com as convenções e com as cobranças multilaterais! Eu ainda não sei, agora aos meus 22 anos, o que eu quero fazer pelo resto da minha infalivelmente sensacional vida! Só sei isso, apenas isso, que ela TEM que ser infalivelmente sensacional. Mesmo se tivesse receita, eu não a seguiria. Prefiro diretrizes, muito mais flexibilidade, não quero nada como Tenha uma Vida Infalivelmente Sensacional em 8 Passos.
Vocês sabem o que eu sei hoje? Que a minha mente não se cansa de absorver conhecimentos, que eu sou uma consumidora ávida de cultura – irrestritamente falando, que todos os meus planos futuros requerem muita maturidade e muita vida já passada para que eu possa vivenciá-los – Experiências – e que tudo que eu quero é continuar estudando e quero sim, agora que muito problemas foram resolvidos e muitos caminhos abertos, voltar a trabalhar com algo que agregue coisas boas, que eu continue crescendo e sendo generosa com a minha vida. Se não for assim, se eu não cuidar de mim primeiro, onde será que eu vou chegar? Os que me cercam vão certamente usufruir dos louros dessa minha generosidade pessoalista. Já tenho uma vida infalivelmente sensacional, só me falta ser menos cabeçuda e me permitir. Ou melhor, permitir que ela seja ela mesma. E que eu seja eu mesma: essa coisa multi-culturalista, quase universalista, que não se cansa facilmente. Nem de sentir saudades. Que não faz idéia do que gostaria de fazer imediatamente, mas que adoraria começar a ganhar muito dinheiro que banque toda essa avidez, vocês sabem que já não seria fora do tempo.

2 comments:

Raimundo Neto said...

Poxa! Ando tão por fora da tua vida. Tudo bem que eu nunca estive muito por dentro como seus amigos mais próximos...
Eu e Lubi conversamos no domingo; conversa séria com toques de imoralidade. E pensamos mais ou menos o que se segue, com suas palavras:"Parei mesmo de botar cartazes e luminosos na tentativa de convencer os outros de que tudo estava muito bem e, ao mesmo tempo, me cobrando incansavelmente uma atitude firme, bem de homem, sabe."
Estou numa situação tão parecida.
Foi bom ler. Saber que é possível não cansar!

Beijo, moça, muitos beijos!

Anonymous said...

Querida, eu volto e você me faz ler este texto enorme - ótimo por sinal - às duas da manhã....sacanagem, pois é querida, estou de volta, voltando devagar pra não acordar os fantasmas....rs...
Aliás, fala baixinho porquê eles estão por perto...não é paranóia não...antes fosse!
Ah, coloquei uma foto da Rapha no meu blog!
Beijos, tô te esperando!
Te adoro, já falei?