November 21, 2005

Quando acordou percebeu que, estranhamente as coisas haviam mudado de significado. Sentiu-se banida da poesia e banida do mal-agouro. Precisava dessa poesia de volta, a falta que ela mesma havia criado para si, sem perceber. Então liga o som, ouve ColdPlay. Entra na internet, lê Clarice Lispector. Pronto, foi fácil, a poesia estava de volta. Mais vibrante e, de uma forma dolorida, contando-lhe verdades.
Definitivamente, ela estava bem, feliz e com a sensação de que tudo daria certo. Sentia um pouco de medo ao pensar as possibilidades, mas quando percebeu que tudo era passível à
transformação, seu espírito acalmou-se novamente. Queria agora resolver as pendências. Não podia jamais viver com estas. Então decidiu suprir as coisas. Poderia ser que não fosse suficiente, mas era o que podia ser feito. Sentia-se bem por isso. E por muito mais.
Muitos entendiam o que seus olhos passavam. Gostava muito de ser intensa, mas havia certo assunto que sua tremenda intensidade a incomodava e a fazia sentir náusea. Porém não sabia se era náusea pelo teor do assunto ou pelo simples fato de não saber o que fazer. Sentia-se longe da capacidade de ação, quando na verdade não estava. Só sabia que era uma batalha difícil, mais difícil do que olhar para o sol logo ao acordar, depois de uma noite toda no quarto escuro.
As rédeas estavam sendo tomadas. Tentava não permitir mais que fosse afetada por coisas que já deveriam ter passado, mas sabia, mais do que tudo e acima de todas as coisas, que só poderia deixá-las passar depois de esquecê-las e sabia também que só esqueceria-as quando as deixasse de amar. E não aconteceria tão cedo. Para o bem ou para o mal? Para o bem e para o mal. Assim espera.


Good morning, dear. Pick up your phone. Look outside and tell me, what´s going on?

1 comment:

Lu said...

As coisas só voltam ao seu lugar quando passamos para uma nova etapa... se a sensação de desconforto ainda está lá, Claris, então ainda é preciso chover... a chuva lava tudo ;-)