January 26, 2009

O Imaginário, O Subjetivo, O Diferente e Algumas Conversas

Transcrição de conversa entre Maíra e Eu, sobre vazios, diferenças, desencontros, abismos e o famoso "SE".


Má said:

É até estranho tentar explicar, mas e se eu te dissesse que às vezes tentar domar as coisas é impossível?Tipo, por que inferno nós, mulheres de 20 e poucos, aparentemente, eu disse aparentemente resolvidas consigo e com tudo aquilo que prevêm deixam com que coisas escapem do planejamento e virem um inferno?Parece meio irônico, mas a complexidade das coisas não mora só na gente, mas em TODO mundo. Não que isso seja justificativa pra todas as atitudes mais ridículas do mundo, mas as vezes pode ser uma explicação.E se a resolução fosse perceber que a complexidade é que possibilita tudo, até o egoísmo?... tipo, mil lados da moeda, que fazem a gente se envolver na loucura, no frenezi das nossas cabeças, das relações, dos rolês homéricos que nos enchem de tanta coisa pra lembrar que dá até pra largar por um minuto aquilo que a gente queria esquecer... a permissão pra largar tudo! De outro lado, é isso mesmo que nutre na gente a procura... tudo bem que desde o TÁCITO (rs) todo mundo já procurava muita coisa e hoje não podia ser diferente. A gente procura tudo: preenchimento para vazios conhecidos e desconhecidos e até mesmo sarna pra se coçar como minha vó dizia, mas cara, ninguém tem obrigação de achar nada!"No auge da juventude" me parece que nunca vai ser possível solucionar todas as questões que a gente têm em mente, até por que elas sempre vão aparecer, talvez mais latentes, talvez aumentendo nossa força e talvez até em forma de maturidade.Eu penso que se a gente se livrasse disso ia ser até estranho, porque mesmo sendo piegas, ser humano é procurar mesmo! E às vezes no meio da procura por sei lá o que, a gente pode ganhar ou perder alguma coisa. Tipo, se a vida te der limões... saca?O que me mata é o "e se"! E se eu não tivesse ido, e se ele tivesse pedido, e se eu tivesse negado, e se não, e se as coisas tivessem sido todas diferentes, e se eu me vejo de um jeito e reflito outro? Uma vez no meio de uma briga me falaram (nem precisa citar nomes, precisa?) "eu odeio esse seu e se.... pq você não pode viver de boa cacete?". Eu fiquei mal pra caralho, fiquei muito tempo me controlando pra não pensar que "e se...", pra nunca, nunca pensar numa realidade diferente, mas agora, depois de um tempo eu vejo que a possibilidade representa pra gente o sonho, e que o sonho não precisa deixar de fazer parte de mim... talvez ele me barre, talvez me ajude. No fim, o que me mata e me priva de viver muitas coisas, faz parte da minha própria natureza! {...}


Aly said:

Sim, domar coisas é impossível. Elas sempre escapam furtivas por alguma brecha da nossa mente. Mente jovem no ritmo frenético.
Acho que o famoso “se” é uma esperança de que todas as suas convicções podem não estar erradas, é uma possibilidade de você não se decepcionar com a dureza que o mundo pode te fornecer. O "se" cria um imaginário para que possamos contar a nossa história de uma forma diferente. Nossa.
É válido?
O que eu acho é que às vezes você cria um mundo inteiro de possibilidades, relações, discursos que na verdade não existem. O 'se" é uma abstração, e é foda vc saber que tudo aquilo que vc criou não passava de uma simples casualidade, as coisas não são e pronto. Sem firulas, sem pestanejos. Não são, são outra coisa
Realmente desde que o mundo é mundo a gente procura por “sarna” pra nos coçar. Sempre que a tempestade vai embora e a calmaria toma conta das nossas vidas chega aquela sensação de que algo está errado, algo está fora do lugar. Pensei bastante, e acho sinceramente que a questão que me afeta é exatamente nesse ponto. Não há nada de tão excitante na minha vida e por isso recorro a ultima sensação de “selvageria”, de inconstância que eu vivi. É tão lógico, tão explicavelmente lógico que eu até me acalmo. E ainda a bebida me tenta a ser convidativa com aquilo que me atinge, de alguma maneira. Sempre procuro me calar pra não tornar real, mas de fato o que adianta? Subjetivamente tô sempre em busca do dilema pra dar um sabor especial na vida, não sei se é cômico ou trágico.
Mas também tem a questão das diferenças...
Porque nos sentimos diferentes? Somos, de fato, diferentes? Em que?
Toda a aceitação de que necessitamos (sim, todo enquadramento nos padrões – quaisquer que sejam – preocupa a nossa mente, em algum momento) está envolta em outras muitas questões que não dependem de nós, recebemos o exterior para somar, para acrescentar ao que somos, mas ficamos um pouco perdidas com toda a idéia que as pessoas têm do modo de vida que nós temos. No primeiro momento, dizemos um foda-se bem grande, com letras maiúsculas e tudo mais. Mas depois, bate o desconforto de estarmos sempre em transição, sem sabermos exatamente em que ponto paramos para nos importar com essas coisas. “Porque será que ele me vê assim? Um pergunta com muita Subjetividade Humana? Total. Precisamos da aprovação alheia para ser. E isso é muito difícil quando somos “externa e internamente” passionais e diferentes. Pelo menos diferente no que diz respeito a imposições propriamente ditas que não aceitamos de prontidão.
A minha paz está intimamente ligada ao caos que rege o mundo.


achei tão pertinente...

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