Oh, God...

"Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos
não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles
possam me fazer mal. São Jorge,cavaleiro corajoso, intrépido e vencedor; abre os meus caminhos, ajuda-me a conseguir um bom emprego; faze com que eu seja bem quisto por todos superiores, colegas, e subordinados; que a paz, o amor e a harmonia
estejam sempre presentes no meu coração, no meu lar e no
meu serviço. "

Tive um choque ontem. Um choque arrebatador. Um choque mais do que choque, um choque seguido de um banho de água gélida, que abriu meus olhos como a muito tempo não se abriam, que fez-me soltar um grito como pensei que já não fosse mais capaz. Todos nós temos a incrível capacidade de reclamar de barriga cheia, alguns passando mal de tanta fartura até. E porque digo isso? Pela fragilidade do ser, que ninguém repara, mas que quando dá um tapa na sua cara tudo o que consegue fazer é chorar pela sua imbecilidade e falta de ânimo na vida. Gente, ontem eu descobri que uma amiga extremamente querida da minha família está com um tumor na cabeça -novamente- e que desta vez é pior do que a vez passada. Ela tem 20 e poucos anos. Não quero dramatizar aqui não... mas preciso contar que ela nunca pode trabalhar pois tem desmaios constantes, viveu sempre em casa e com medo, sempre na iminência de um desmaio, fortes dores de cabeça, Prozac...

Agora, acompanhem a lamentação da tia, porque este é um post
de lamentações e baldes de água fria, saindo da caracterização deste blog, que
geralmente traz coisas boas pros leitores. Mas acreditem, o efeito surtirá de
forma benéfica. Tudo o que eu fiz por dias e dias foi reclamar que meu trabalho
só me cansa, só me estressa, que não era isso, não era aquilo, que a semana de
provas é uma merda, que tal professor é um chute no meu saco que eu não tenho,
que não tenho tempo, que meu pé, que minhas costas, que o dinheiro me falta e
blablabla... Balela. BALELA. Apesar de tanta insatisfação, já estava pensando em
mudar de rumos profissionais, conversei com o Ví, com a minha mãe e planejei
coisas. Depois que fiquei sabendo do que estava acontecendo, depois de chorar
muito, a primeira coisa que me veio à cabeça foi "reclamamos muito de barriga
cheia e não damos valor à intensidade na vida". Intensidade essa que me fez
redobrar o valor dado à tudo que me cerca, em sentido amplo e restrito, à
pessoas e aos meus amores infinitos, meus desejos de mudanças e à amplitude de
possibilidades. Intensidade essa que eu estava sentindo falta, logo eu, que me
julgo sagástica, que estava me entregando ao conformismo e à animosidade.

Conclusão mor: a vida é muito, muito curta. Somos infinitamente abençoados ao mesmo tempo que vivemos na dicotomia do frágil/forte. Temos tudo para conseguirmos o que queremos. Ponto.