Apologia

Fui cuidar de você, impedir que sentisse dor,
impedir que sofresse algum mal que eu não pudesse evitar.
Mas você é forte e só me surpreende,
inclusive quando me espera no portão, mesmo sentindo dor,
para que eu não me perdesse já que era a primeira vez que eu aparecia na sua casa.
Quando entrei na sua casa senti como se fosse a minha.
É estranho perceber esse tipo de familiaridade num lugar que acabamos de entrar.
Como eu costumo dizer, isso não é coisa dessa vida.
Suas coisas que combinam com as minhas coisas.
Um ambiente que com seus discos e meus livros seria o lugar perfeito para se estar.
Como eu amo você, seus gostos e seus gestos.
Como mesmo depois de um ano inteiro separados você consegue ser familiar;
mesmo um simples sussurro seu me é familiar, o cheiro da sua pele e o som da sua risada.
A cada disco que você trocava eu descobria um novo gosto meu.
Quem diria que eu iria gostar de funk dos anos 70 e 90? Ou de Soul&RB?!
Mas pois é, você tem suas surpresas que me cativam.
Nossas idéias e ideais, nossos planos... há um ano eu diria serem inconcebíveis,
mas hoje quando os ouço não sinto nada
além da vontade de construir meu mundo junto com o seu.
Amplo, vivaz, envolvente e incompleto,
afinal não sabemos viver num mundo limitado em possibilidades e descobertas.