August 18, 2006

Daylight

Algumas histórias não têm finais felizes. A minha simplesmente não tem um final. Depois de muitas voltas o mundo tá dando sinais de que quer parar. A pressão sobre a minha cabeça é forte, dói e ecoa no silencio. Mãos atadas. Não sei o que fazer.
Somos duas conhecidas num mundo completamente estranho. Que alguma coisa não está certa? Posso sentir de longe. A impossibilidade de qualquer forma de afeto é superior a tudo que conhecemos. Mente inquieta, coração na boca. É como se nos tocássemos quase em outro plano, é como se fantasiássemos que isso realmente pode dar certo.
Luto incansavelmente para manter as barreiras.
Meia dúzia de palavras suas as fazem cair.
Não posso mais lutar contra isso. Não posso comprar uma arma e iniciar uma guerra. Não posso matar você, dentro de mim. Mil vezes eu quis odiá-la, quis todas às vezes. Seria mais fácil assim.
Café, Lagrimas e Cigarro.
Mas a questão é que não odeio. Talvez tenha odiado num breve momento de lucidez. Agora só sinto. Sinto por tudo que deixamos escapar, sinto por ter nos perdidos na poeira do tempo. Sinto pela ulcera que me causa pensar em tudo e isso e não encontrar o ponto de onde partimos. Apenas dizer as mesmas palavras de sempre não muda o quadro estático e corrosivo em que nos encontramos. Não há espera, pois temos um destino limitado e preso. Não há confiança, pois somos espertas demais pra isso. Não há o que relembrar, pois sofreríamos sem precedentes.
Morremos um pouco a cada dia, de qualquer jeito.
E isso costumava soar de forma bastante contundente há algum tempo. Hoje não faz o menor sentido.


Acho que nos recusamos a nos entender porque não nos sobraria nada. Exatamente nada.
Incompleto, Insípido Inodoro e Incolor. Apenas uma dose de brandura pra sanar as nossas feridas abertas. Vermelhas.

8 comments:

Claris said...

Acho q vc precisa me ver... Aí eu te faço regurgitar toda essa porcaralhada da melhor forma possível: te fazendo viver o presente!
Beijos, amo vc!

Anonymous said...

nem se tivesse uma arma ou um mega-fone, teria se expressado melhor.
acho que você ainda precisa
daquela fatia de abacaxi
se não está bem, melhore
se já estiver, permaneça

chapeleiro maluco

Anonymous said...

I love cherry...
Foto e texto perfeitos....

Lubi said...

Doído. Bem eu e minha mãe.
Você me deixou de boca aberta na frente do pc.
Bom final de semana.
Aceite o convite de Sagá.
Beijo.
:*

Lisias said...
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Anonymous said...

Como eu falei pra Sagá...caixas de Lexotan, ou prozac mesmo...sempre funcionam...beijos!

Anonymous said...

ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
sei la viu

Anonymous said...

Nossa, que texto perfeito...
Você esta cada vez escrevendo melhor Carrie!

...como feridas abertas podem ser remediadas se no momento em que tentam ser cicatrizadas, sempre alguém as tocam novamente... assim não se fecharão nunca... afinal o que querem, que se feche ou que permaneça assim? exposta e sem cura!
A ferida esta cada vez mais sem imunidades, um dia, ela não se fechará mais de qualquer maneira...