Lazy

Cena de "Conjunto Residencial", de Adams Teixeira de Carvalho e Olívia Brenga Marques, apresentado na mostra "Itinerância Videobrasil", que eu infelizmente não fui.
Hoje sou a Srta. Preguiça, prazer. Acordei com vontade de dormir. Vim trabalhar com vontade apenas de estudar. Fui almoçar com vontade de beber tequila. Queria uma tequila pra abstrair. Mas se abstraisse do trabalho seria demitida. Quero um trabalho 1/2 período. Assim poderia estudar mais no resto do outro período que não tivesse trabalhando.
Quero uma rede. Ou uma cama bem fofa. Ou um tapete bem felpudo. Ou um colo bem quentinho. Quero também um banho bem relaxante. Depois, creminho hidratante bem cheirosinho. Roupa bem larga e confortável. Chá preto bem quentinho, com apenas 1 envelopinho de adoçante. Quero unhas pintadas de uma cor bem linda, forte e resplandecente. Daquelas que no sol até ofusca. Quero que o Tim cuide dos meus cabelos. Quero pique pra passear com meus cachorrinhos de noite nas ruas próximas, depois da faculdade. Mas sempre chego tão cansadinha.
Quero mais satisfação, mais representatividade de mim mesma. Menos levianidade, ou nenhuma livianidade. Principalmente com o coração dos outros. Quero aprender a não ter sentimentos instantâneos. Força de vontade? Quero bastante. Cumprir com meus objetivos e também com as obrigações, principalmente. Essas me dão nos nervos.
Uma caminha, um edredon, um travesseiro macio, o cheirinho do creminho invadindo o espaço, a luz suave do abajur ao lado da cama, a cor forte da minha parede que deixa as outras com tons suaves por tabela. Quero tudo do meu quarto novo. Quero paz. Sossego. Um bolo de chocolte bem gostoso. Luz do sol. Ou da lua. Quero ele. E a tequila. Bem ardida, forte e marcante. Que me livrar dessa dor de cabeça. Dessa covardia que é a convivência com o ar condicionado. Condicionada estou eu. A tudo, menos ao que eu realmente quero. Mas sem papos existencialistas. Seria clichê. Vocês sabem que eu odeio clichês. Talvez eu mesma seja um clichê!